segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz Ano-Novo, em várias outras línguas

Alemão: Glückliches Neues Jahr
Dinamarquês: Godt Nytår
Espanhol: Feliz Año Nuevo
Esloveno: Srečno novo leto
Esperanto: Feliĉigan Novan Jaron
Francês: Bonne Année
Galego: Feliz Aninovo
Hebraico: Shaná Tová
Inglês: Happy New Year
Italiano: Buon Anno - Felice Anno Nuovo
Japonês:  明けましておめでとうございます (akemashite omedetou gozaimasu)
Russo: Счастливого Нового Года {Schastlivovo Novovo Goda}
Búlgaro: Честита Нова Година /Chestita Nova Godina/
Sueco: Gott nytt år
Catalao: Bon any nou!!
Inglês: Happy New Year!!!

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Serei dos que afinal, errando em terra firme, precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?


NATAL À BEIRA-RIO

É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?


David Mourão-Ferreira, Obra Poética 1948-1988
Lisboa, Editorial Presença, 1988

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal - espaço de tolerância e boa vontade

Lendo alguns escritos e autores diversos, percebo que o Natal é actualmente uma das festas católicas mais importantes, mas que foi só em meados do século IV d.C. que se começou a festejar tendo o Papa Júlio I fixado a data no dia 25 de Dezembro, já que desconhecem a verdadeira data do nascimento de Jesus.

Uma das explicações para a escolha do dia 25 de Dezembro prende-se como facto de esta data coincidir com a Saturnália dos romanos e com as festas germânicas e célticas do Solstício de Inverno, sendo todas estas festividades pagãs, a Igreja viu aqui uma oportunidade de cristianizar a data, colocando em segundo plano a sua conotação pagã. Algumas zonas optaram por festejar o acontecimento em 6 de Janeiro, contudo, gradualmente esta data foi sendo associada à chegada dos Reis Magos e não ao nascimento de Jesus.

Apesar de ser uma festa cristã, o Natal, com o passar do tempo, converteu-se numa festa familiar com tradições pagãs, em parte germânicas e em parte romanas.

Sob influência franciscana, espalhou-se o costume de, em toda a cristandade, se construírem presépios já que estes reconstituíam a cena do nascimento de Jesus e a árvore de Natal surgiu no século XVI, sendo enfeitada com luzes símbolo de Cristo, Luz do Mundo. Uma outra tradição de Natal é a troca de presentes que são dados pelo Pai Natal ou por Jesus, dependendo da tradição de cada país.

Apesar de todas estas tradições poderem ser importantes (o Natal já nem pareceria Natal se não as cumpríssemos), o que parece de facto essencial é não nos esquecermos que o Natal não se resume a bonitas decorações e a presentes, pois para além disso e da festa católica, é também nesta época que as pessoas parecem querer ser melhores, mais solidárias, mais verdadeiras, mais amigas.

Por isso, importante, fundamental, imprescindível até, seria que as pessoas conseguissem manter, em permanência, esse espaço de tolerância e boa vontade que os norteia nesta época.

domingo, 23 de dezembro de 2007

A ausência


"Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim." Carlos Drummond de Andrade

Na aproximação do Natal e do Novo Ano, recrio-me neste campo de papoilas, no meu Alentejo.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Eu gostava de ir ver gente

Campo da Comunicação
Colecção: Saúde (ISBN: 972-8610-44-0)

O envelhecimento da população é um fenómeno relativamente novo ao qual mesmo os países mais ricos ainda estão a tentar adaptar-se. Envelhecer já não é uma façanha reservada a uma pequena parcela da população. No entanto, no que se refere ao envelhecimento populacional, os países desenvolvidos diferem fundamentalmente dos subdesenvolvidos, já que os mecanismos que levam a esse envelhecimento são diferentes.

A promoção do envelhecimento saudável e a manutenção de elevados padrões de capacidade funcional podem ser conseguidos pela valorização e preservação da autonomia física e mental do idoso. A auto-responsabilidade, a participação comunitária e a consciência social são os factores chave do desenvolvimento humano. Fazem parte dos processos de desenvolvimento social, nos quais os indivíduos, as famílias e os grupos tomam sobre si a responsabilidade pela sua saúde e bem-estar (OMS, 1978). A vantagem da participação comunitária reside no seu conhecimento dos problemas, na capacidade de encontrar soluções inovadoras para as suas necessidades e na possibilidade de as tornar sustentáveis com os recursos instalados.

Este livro descreve os resultados dum estudo realizado na freguesia de Alcabideche, do concelho de Cascais, um aglomerado populacional suburbano e, num conjunto de 7 freguesias do concelho de Mafra, predominantemente rurais. Os objectivos deste estudo centraram-se em três aspectos: (i) caracterizar e traçar o perfil das incapacidades da população em estudo; (ii) identificar a fracção de capacidades funcional autónoma remanescente em cada caso e na população em estudo e, (iii) identificar as necessidades e os potenciais de entre-ajuda das populações em estudo.

O seu título é retirado da entrevista realizada a uma idosa integrada no estudo e reflecte bem o sentir de quem, experimentando a solidão revela o que lhe vai na alma.

SAWABONA - SHIKOBA


SAWABONA, é um cumprimento usado no sul de África e que quer dizer: “Eu respeito-te, eu valorizo-te, és importante para mim”. Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é: “Então eu existo para ti”.

De entre a multiplicidade de informação que me vai chegando, apeteceu-me partilhar este texto de Flávio Gikovate, médico psicanalista, convosco.

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milénio. As relações afectivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor. O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto e, não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para a nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está destinada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fracção e precisamos encontrar a nossa outra metade para nos sentir-mos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona as suas características, para se incorporar no projecto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou dócil, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência e, pouco romântica, até. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o medo de ficar sozinhas e, aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fracção, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fracção. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo e, depois tem de se ir reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele alimenta-se da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros e, não a união de duas metades.

E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar a sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afectiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afectivas são óptimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.

Cada cérebro é único. O nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é a nossa alma gémea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir a sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo e, não a partir do outro. Ao perceber isso, ele torna-se menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um. O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar-se a si mesmo...

domingo, 9 de dezembro de 2007

O Porto

Porto, à luz de um entardecer

Segundo Alexandre Herculano, "O Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se no seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as chaves dos haveres delas, o seu aspecto é severo e altivo, como o de mordomo de casa abastada."

Foi este o Porto que antevi ontem, ao chegar à tardinha para uma reunião relâmpago com um perito europeu. Foi este o Porto, agora luminoso, que abandonei hoje a meio da manhã, que gulosamente me chamava para à sua beira me espreguiçar e nele me deleitar, pois tal como no dizer de Sophia de Mello Breyner, "O Porto é o lugar onde começam as maravilhas e todas as minhas angústias."