Há sempre um último dia. Há sempre uma última vez.
Este poderia ser o título de um filme ou até de um romance de vida. Mas não. Trata-se simplesmente do que sentimos no último dia de um qualquer projecto em que nos envolvemos e que finalizado ou inacabado o deixamos para trás, ou o entregamos nas mãos de quem agora o levará a bom porto.
Neste caso, fica-nos a certeza que não haverá retorno, pois sabíamos que não há construção sólida, que se aguente, que permaneça, se não for o resultado de um esforço conjunto, se não for fruto de muita dedicação, se não espelhar materialmente a comunhão das pessoas, a união das vontades e aqui a construção assim foi pensada e assim foi feita.
Não construímos sobre a areia, porque isso seria mais fácil e até mais rápido e, podia até pode dar satisfação, mas seria uma delicadíssima obra de arte, onde faltaria a capacidade da permanência. O projecto está aí para dele se falar no futuro.
«…E, de repente, surgiram na minha memória as imagens dos parques na província portuguesa. Lembro-me da sua melancolia terrível. Mundos há muitos e, há mortos que só aguardam o punho vigoroso do bárbaro para se descomporem». Apontamento de Mircea Eliade no seu diário (Fragments d’un Journal I, 1945-1969. traduit par Luc Badesco. Paris, 1973, p. 482.7-II-1965).