domingo, 23 de setembro de 2007

O escritor e a escrita


Na leitura habitual dos domingos, no "El País", hoje é dado destaque a Javier Marías - genial e polémico, eterno adolescente aos 56 anos - e à sua exaustão face à publicação amanhã (24 de Setembro), do último volume da sua ambiciosa novela, a triologia "Tu rostro mañana", com o título de "Veneno y sombra y adiós". O escritor, que diz escrever para ver e que defende que raras vezes temos razão, aos 19 anos publicou a sua primeira novela "Los domínios del lobo". O cinema é também, para além dos livros, a sua paixão. Em menino coleccionava soldados de chumbo e hoje tem a sua casa a abarrotar de livros e filmes e a sua cabeça repleta de imaginação para nos brindar com as suas histórias que ultrapassam a ficção e nos transportam para o tangível - um relato da realidade dado através da sua máquina de escrever (não utiliza computador).

Tenho o Alentejo na alma e com ele aqueço o coração



Acredito na Cultura. Tenho o Alentejo na alma e com ele aqueço o coração, mas não sou emigrante em Lisboa, porque aqui me fixei e aqui fui gostando de ficar. Tenho o objectivo de estar e fazer com que o que me rodeia esteja bem, porque a vida é uma história que nunca mais acaba. O eixo do meu trabalho são as pessoas - pessoas sérias, responsáveis, alegres, conhecedoras, enérgicas, positivas, impacientes, calmas, tranquilas, empreendedoras, aventureiras, persistentes, sociáveis, criativas, completas, multifacetadas e sobretudo as que não deixam nunca morrer dentro de si a curiosidade e continuam a ter a vivacidade e a inquietação que as craracterizou em crianças.
Faça o que fizer o meu símbolo são as mãos. Mãos ... que tocam, que fogem, que envolvem, que confortam, que dão força, mãos ... presentes, ausentes, frias e quentes. Mãos onde, no dizer de Manuel Alegre (O Canto e as Armas, 1967), começa a liberdade.


domingo, 16 de setembro de 2007

O Café do meu Bairro

É nele que tomo habitualmente a minha primeira dose de cafeína (das muitas com que me brindo diariamente). Não é um café de octagenários, porque o meu bairro não é um bairro histórico. É um café de pais jovens com crianças pequenas. É um café de seres solitários (homens e mulheres) que leêm o jornal e as revistas, que bebericam meias de leite, torradas e sumos, finalizando com cafés curtos. Não é um café de seres solitários porque a morte tenha arrebatado os seus entes queridos. É um café de seres solitários por opção (ou talvez não), entre os quarenta e os cinquenta e muitos anos. Aparecem também os casais que nessas idades parecem ter refeito recentemente as suas vidas. Vêm radiantes (reencontraram a esperança e a alegria de viver).
É um café dos nossos tempos.

Divagações

(Re)lendo Sócrates, o Filósofo (470 a.C. - 399 a.C., filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental), lembro uma frase que utilizo muitas vezes "Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida" e fico divagando sobre ela e sobre o que ela encerra para mim e ainda em como vou buscar sustentação para a multiplicidade de atribulações vividas a uma frase milenar.
Entretanto releio uma outra frase do mesmo filósofo "O meu conselho é que se case, pois se encontrar uma boa esposa, será feliz e se encontrar uma esposa ruim, tornar-se-á um filósofo". Fico perplexa. Será por isso que não há hoje mais filósofos (mesmo os que têm nome não o são)?

Determinada a não ser abatida pelo destino

Na revista notícias sábado, António Sousa Homem, escrevia, penso que a propósito dos livros em casa ou heranças de família "As famílias já não têm casa, hoje em dia. Ou desapareceram as famílias ou se venderam as casas, duas inevitabilidades dos tempos modernos. O leitor não me ouvirá queixas sobre a matéria porque, hoje em dia, já é bom ter onde dormir ou onde esperar a velhice."
Estranha forma de definirmos as nossas vivências. Mas, de facto é isso que acontece. Será que podemos ainda alterar alguma coisa, de tudo isto? Poderemos nós ser capazes de reconstruir no que temos? Poderemos nós ser capazes de reaprender as palavras simples que sustentavam o conceito de família - partilha, dádiva, tolerância, amizade, disponibilidade, solidariedade, tempo - ou estamos dispostos a ter como única aspiração e considerar como bom "ter onde dormir ou onde esperar a velhice"?
Gostaria de nos sentirmos mais decididos a não aceitar as fatalidades/destino sem luta.

Hoje é outra vez madrugada

Se procurar a definição de madrugada, encontro que "é o período do dia que vai da meia-noite (00:00/12:00AM) ao amanhecer (06:00/06:00AM). De facto, a madrugada é uma extensão da noite, na qual se dá o repouso nocturno da maioria das pessoas e há a obrigação de se guardar silêncio. Parece contraditório, mas a saudação a ser feita a alguém que se encontre nesse período é bom dia, ainda que esteja escuro e haja estrelas no céu."
Pois é nestas madrugadas que, contrariando a definição, produzo muito do trabalho que sustenta a minha actividade diurna. É nestas madrugadas também que sonho, invento e idealizo a felicidade que me orienta o dia. É nestas madrugadas que me confronto comigo, com o meu pequeno "casulo", com o meu ser. É também nestas madrugadas que sei que ainda é possível encontrar o outro meu eu, porque sei que há outras madrugadas que se definem como "... espelhos sem forma fixa, ... deuses sem obra criada, ... ou esferas sem perfeição."

"O Corpo Humano como nunca o viu"

Hoje vi e senti o meu corpo de forma diferente. Hoje apreendi o meu corpo com uma nova visão. Hoje aprendi a respeitar mais o meu corpo. Hoje decidi proteger mais todas as funções e dimensões deste meu corpo que opera, afinal, maravilhas.
Estão de parabéns aqueles que organizaram e projectaram esta maravilhosa viagem pelo corpo humano.
Obrigada

domingo, 9 de setembro de 2007

Last night I dreamt I went to Manderley again...

Com esta frase sonora e cadenciada, se inicia o romance Rebecca e o filme homónimo de Hitchcock.

Que corpo é esse?

Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino. 2007, de Elódia Xavier.
Aqui, ela estuda a representação do corpo nas narrativas de autoria feminina, a partir de uma tipologia criada pela autora com base em teorias do sociólogo Arthur Frank, numa selecção de textos do início do século XX até hoje.
As autoras escolhidas são: Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector, Fernanda Young, Helena Parente Cunha, Heloísa Seixas, Júlia Lopes de Almeida, Lya Luft, Lygia Fagundes Telles, Márcia Denser, Marilene Felinto, Marina Colasanti, Martha Medeiros, Nélida Piñon, Rachel de Queiroz, Rachel Jardim e Wanda Fabian

Os escritores

Os escritores imaginam, escrevem, corrigem, reescrevem, cortam e finalizam. Em quanto tempo? Se numa noite ou em três meses para um conto; se em três meses ou num ano para uma história; se numa semana ou em dez anos um romance - não importa. Importa que houve o ímpeto criativo e eles imprimiram ali o fruto das suas leituras, conhecimentos e experiências. É um acto de criação. Aquilo não existia antes e, a mão-de-obra foi do escritor.

"em prol da vida e contra a guerra"

O mundo, o canto e a arte ficaram mais pobres, hoje, disse-nos toda a imprensa nacional e internacional desta quinta-feira. Morreu de madrugada, o tenor italiano Luciano Pavarotti, aos 71 anos, em Modena, na Itália. A morte foi devida a um cancro no pâncreas. Nasceu em 1935 e, foi incontestavelmente, uma das vozes mais marcantes de sempre. O seu talento e a sua personalidade carismática jamais serão esquecidos.
Pavarotti actuou duas vezes em Portugal. Em 13 de Janeiro de 1991 no Coliseu de Lisboa um concerto denominado "Uma Noite com Luciano Pavarotti", onde cantou árias de Donizettie, Verdi. Massenet, Puccini, Leoncavallo e canções napolitanas e em 21 de Junho de 2000 actuou no Estádio S. Luís, em Faro, acompanhado pela Orquestra Nacional do Norte, tendo cantado árias de Cilea, Puccini, Mascagni e Verdi.